Portugueses invisíveis
"A morte é a curva da
estrada,
Morrer é só não ser
visto."
Fernando Pessoa
Quem conhece os portugueses invisíveis
reduzidos apenas aos números que lhes atribuíram?
São cidadãos porque têm um
número, são contribuintes porque têm um número, são utentes da segurança social
porque têm um número, são eleitores porque têm um número, mas quantos são
aqueles que têm dignidade? Quantos são aqueles que são excluídos? Quantos aqueles
que apenas participam involuntariamente em estatísticas manipuladas, humilhados
à margem da sociedade e que lutam todos os dias por uma sobrevivência que lhes
é negada? Que sabem deles os políticos que apenas exigem votos para perpetuar
mordomias a que nunca deveriam ter direito pelos malefícios que têm causado ao
país e ao regime democrático que todos acreditamos há 40 anos?
Quantos são aqueles que já
tiveram uma vida e agora passam fome pela acção dos políticos que levaram este
país à ruína? A vida foi-lhes negada e lançados na indigência: quase nada lhes
resta para manter alguma dignidade ainda possível. Àqueles que por incompetência
e desumanidade lançaram na inexistência pessoas que pensaram ter futuro são-lhe
atribuídas subvenções vitalícias. Milhões de seres humanos que neste país nunca
foram pobres (porque tiveram trabalho e contribuíram para o seu futuro e do
país) viram-se de repente lançados na indigência num país que há 40 anos
prometia liberdade, democracia e justiça.
Ninguém vê estes portugueses
encurralados entre a pobreza endémica e aqueles que ainda têm direitos e
dignidade. Milhões de “novos pobres” sem direitos nem dignidade arrastam as
suas vidas para um futuro incerto, carregando o desespero e já sem esperança.
Que Portugal teremos no futuro? Que vida terão estes portugueses que ficaram
sem trabalho ainda com tanta competência e saber? Morrer a meio da vida apenas
por se tornarem invisíveis nesta sociedade mediática? 40 anos de democracia e a
maioria dos políticos eleitos apenas se preocupam por eternizar mordomias e
decidir em causa própria.
E todos esperamos a vaga de fundo
que faça CUMPRIR PORTUGAL!