A técnica nunca fez os bailarinos de Flamenco, assim como não há escolas para formar poetas, contudo, este é o lugar mais próximo da sua alma. Se a origem territorial do Flamenco é impossível de apurar (da Andaluzia ao Rajastão, do Cairo ao Peloponeso, tudo é possível), no museu de Hoyos há todas as noites uma reencarnação genuína do seu canto e dança orquestrados por ciganos veros num tablao criado a rigor. Nos bastidores, dominados pela imagem e pela tecnologia, houve mão do cineasta Carlos Saura – autor da trilogia Tango, Flamenco e Fado.
Salas amplas e largos corredores de painéis recebem visionamentos (muitos deles filmes raros e inéditos) com os jogos de ancas dos mestres do ofício e testemunhos das diferentes escolas de Flamenco: madrilena, sevilhana, de Jerez e Granada.
Das academias aos cafés, da Cuenca de Paris à Macarrona de Berlim, da Majerona de Cádis às memórias de Fanny Essler em Havana (entre 1840-1900). Seguem-se as bifurcações entre o Flamenco e o Bolero, os estilos distintos de Antónia Mercê “La Argentina” e Encarnación Lopez “La Argentinita”, ou Pastora Império (de 1901 a 1940).
O jogo repete-se de 1941 a 1975. Os nomes dos bailarinos então em voga, António Ruiz Soler “António”, Rosario, Carmen Ayala, Pilar López, Matilde Coral… rivalizam na fama mundial com os de outros tablados como Nureyev ou Nijinsky.
A consagração da estética do Flamenco dá-se a partir de 1976 e os seus autores são a própria Cristina Hoyos, Guito, Antonio Gades e Farruco. No tablao, diante de plateia estarrecida, um homem e uma mulher dançam Seguirillas e Soleás com o compasso de uma mera guitarra, o eco de palmas e o canto pungente do romanceiro cigano.
Museo del Baile Flamenco – C/ Manuel Rojas Marcos, 3, Sevilha, tel. 0034 954 340311,